Resumo do tema livre que apresentamos no XI Congresso Brasileiro de História da Medicina, em outubro de 2006, em Goiânia (Brasil):
Título: O PAPEL DOS EPÔNIMOS MÉDICOS NA HISTÓRIA DA MEDICINA - BREVE ANÁLISE DA CRIAÇÃO DOS EPÔNIMOS DA DOENÇA DE PARKINSON, DOENÇA DE ALZHEIMER E SÍNDROME DE DOWN
Autor: ELVIO ARMANDO TUOTO
Instituição: INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE HISTORY OF THE NEUROSCIENCES (ISHN)
Resumo: O autor avalia o papel dos epônimos médicos na história da medicina através da análise dos dados históricos envolvidos na criação dos epônimos da doença de Parkinson, doença de Alzheimer e síndrome de Down. A partir de 1950, o método de denominação de doenças e síndromes utilizando-se o nome do pesquisador passou a receber críticas freqüentes. Dentre os diversos argumentos divulgados contra o uso dos epônimos, destacam-se: o acúmulo de certas síndromes sob os mesmos nomes; injustiça na imortalização de algumas figuras de menor importância em detrimento de cientistas de grande talento; a preferência por uma terminologia mais clara e precisa. Em oposição a esse alegado aspecto negativo dos epônimos médicos, este trabalho aborda o valor histórico dos epônimos médicos. A doença ou mal de Parkinson é um epônimo médico universalmente consagrado, o qual perpetuou o nome do médico inglês James Parkinson. Em 1817, James Parkinson (1755-1824) publicou o estudo An Essay on the Shaking Palsy, no qual caracterizou a "paralisia agitante" como uma entidade clínica. Foi, porém, Jean-Martin Charcot, o pai da neurologia moderna, que, 40 anos mais tarde, criou a denominação "doença de Parkinson". A doença ou mal de Alzheimer é outro epônimo utilizado no mundo todo e citado com grande freqüência nos meios de comunicação em massa. É a denominação adequada que substituiu o termo obsoleto e quase pejorativo "demência senil" ( que havia sido criado em 1898 por Otto Binswanger). O psiquiatra e patologista alemão Alois Alzheimer (1864-1915) apresentou seu trabalho pela primeira vez, verbalmente, através de discurso em um simpósio na Alemanha, em 1906, como "uma nova doença do córtex cerebral - as características clínicas e anatomopatológicas em uma mulher de 51 anos que faleceu no manicômio de Munique". Um ano depois, publicou a descrição completa da enfermidade. Em 1910, Emil Kraepelin, o "Lineu" da psiquiatria, reconheceu tal descrição como definitiva, estabelecendo a denominação "doença de Alzheimer". O epônimo "síndrome de Down" imortalizou o nome do médico inglês James (ou John) Langdon Haydon Down (1828-1896). O Dr. Down publicou, em 1887, a monografia Mental Affections of Childhood and Youth, na qual apresentou a descrição clássica da síndrome que denominou erroneamente de "mongolismo", baseando-se nas características da face dos pacientes e atribuindo o retardo mental dos mesmos a uma "regressão à raça primordial mongólica". Somente anos mais tarde, passou-se a utilizar o epônimo "síndrome de Down" em substituição ao termo original e equivocado "mongolismo" idealizado pelo Dr. Down. Conclui-se que a importância dos epônimos na atual era de imenso avanço tecnológico manifesta-se através da conexão que os epônimos estabelecem com o passado, enfatizando a natureza humana do descobrimento e valorizando a história da evolução do conhecimento médico./eat
Para citar este trabalho (citation): "Tuoto EA O papel dos epônimos médicos na história da medicina - Breve análise da criação dos epônimos da doença de Parkinson, doença de Alzheimer e síndrome de Down. Anais do XI Congresso Brasileiro de História da Medicina, Goiânia (Brasil), outubro de 2006"
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